quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

a hora de dormir já tem um jeitinho pra não doer tanto. agora a hora de acordar é inevitável, eu tenho que acordar e enfrentar a luz que agora entra no meu quarto e me mostra um vazio tão grande... que eu tô querendo ver, e cada dia que passa eu percebo mais tudo ficando claro, e o vazio é só um ponto de vista.

ainda não sei o que é.
se é paz, se é tranquilidade alegre, se é amor, se é fusão. a mente pede pra dar nome a isso, mas eu falo assim espera só mais um pouquinho, só mais um pouquinho... já te falo, já te falo.



o que me atravessa nesses dias? os meus castelos destruídos, minhas construções inacabadas. depois que a base está feita, a única forma de mudá-lo é construir mais e reestruturá-los. mas isso exige muito, como um patrimônio tombado. leva tempo e disponibilidade. e precisa estar pronto, porque se não tiver, terá que ser a força. depois não dá pra voltar atrás. eu não estou num caminho sem volta. os caminhos todos são sem volta. ninguém se banha duas vezes no mesmo rio. nem a pessoa é a mesma e tampouco o rio.



você não reconheceria a minha geladeira se a visse agora. você, que a conhece há tanto tempo. você, que não a conhece muito, perceberia que há diferença, mas não saberia dizer exato o que. atenhamo-nos a quem já a conhece há muito tempo, que é o meu caso. ela está parecendo nova. parecendo, só, porque se você chega perto, percebe-se claramente as marcas dos ímãs, adesivos e várias outras coisas que grudaram nela. eles foram todos tirados, mas as marcas ficaram. e você pode limpar, limpar, que algumas marcas foram tão fundas e agora são parte dela. e agora? o que vai voltar a grudar-se nela? haverão adornos novos? a escolha é sua: deixá-la vazia e com suas marcas expostas, mesclar os adornos novos com velhos, voltar a ser o que era antes ou tudo novo? eis a questão.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

mas tudo deu um nó e a vida se perdeu.
se existe deus em agonia, manda essa cavalaria que hoje a fé me abandonou.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Au Revoir

Aqui, fazendo esta redação, volta me à cabeça o filósofo dinamarquês Kierkgaard, que previu que a civilização estaria indo em direção à bancarrota. Com efeito. A ignorância e a estupidez reinam, adultos cegos por preconceitos, jovens surdos por modismos simples.
Outro dia estava vendo a série de televisão "Anos Incríveis", quando, ao final, o narrador disse: "Em 1977, jovens e adultos ideais e valores entraram em conflito". Percebi, então, que não havia mais valores nem ideais, tanto jovens quanto adultos não davam a mínima importância para valores ou ideais, percebi que as pessoas não tinham mais objetivos ou porquês.
Já não existem mais artistas, no verdadeiros sentido da palavra, já não existem amados ou amantes, porque também não existe mais amor. Adeus. Au revoir.

Martim Moreau Maita (na sexta ou sétima série)

inserção

acho que é típico de ano novo, esse ar de balanço de ano. mas dessa vez, veio um ar de balanço de vida. 21 anos, início de um novo ciclo. pode-se dizer 21 anos de vida? ou de existência? vivi, sim, mas vi muita coisa passar também. às vezes as coisas acontecem do jeito que a gente não quer e a gente perde a esperança e resolve deixar tudo se resolver sozinho...só depois de um tempo a gente percebe o rumo das nossas escolhas. sinto-me um pouco sozinha, uma passagem na vida dos outros, efêmera. percebo essa característica, e não sei se desejo mudá-la. gosto do novo, embora o "velho" também tenha a possibilidade do novo. isso é novo pra mim, ainda. as minhas construções, todas destruídas ou inacabadas. onde é o fim? 8 deitado.
e desejo que os outros também o vejam, assim como o ano novo, a nova percepção, a nova pulsação e, assim, a vida e a alma novas (ou renovadas?).

deixei a fatia mais doce da vida.

quando ela se deu conta, ele tinha acendido um cigarro. ela cogitou a possibilidade de uma pergunta óbvia você fuma? mas só observou a ação. ele perguntou posso fumar? ela disse não, eu odeio cigar... e parou no meio da frase lembrando que esse era ele.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

o mundo muda

Um dia você ficará cego, como eu. Estará sentado num lugar qualquer, pequeno ponto perdido no nada, para sempre, no escuro, como eu. Um dia você dirá, estou cansado, vou me sentar, e sentará. Então você dirá, tenho fome, vou me levantar e conseguir o que comer. Mas você não levantará. E você dirá, fiz mal em sentar, mas já que sentei, ficarei sentado mais um pouco, depois levanto e busco o que comer. Mas você não levantará e nem conseguirá o que comer. Ficará um tempo olhando a parede, então você dirá, vou fechar os olhos, cochilar talvez, depois vou me sentir melhor, e você os fechará. E quando reabrir os olhos, não haverá mais parede. Estará rodeado pelo vazio do infinito, nem todos os mortos de todos os tempos, ainda que ressuscitassem, o preencheriam, e então você será como um pedregulho perdido na estepe.


ontem eu era pobre, andava de chinelo
hoje eu sou rico, ando de pajero

ontem foi o meu aniversário. e, como de costume, passei uma parte do tempo com a família. me sinto ovelha negra da familia. em dado momento, eles começaram, animadamente, a conversar sobre um assunto (novela) que eu não fazia ideia do que se tratava. e, depois, deu 21h. eles pegaram e foram todos pro quarto assistir o tal programa. EI, EU TÔ AQUI, SABIA? achei que a gente estivesse comemorando o meu aniversário, mas pelo jeito não, a gente só tá comendo pizza e bolo mesmo. E AÍ, vamos cantar parabéns? Ah, deixa dar o intervalo...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

movimento nos faz movimento

E depois de uma tarde de quem sou eu
E de acordar a uma hora da madrugada em desespero...
Eis que as três horas da madrugada eu me acordei
E me encontrei
Simplesmente isso:
Eu me encontrei calma, alegre
Plenitude sem fulminação
Simplesmente isso
Eu sou eu
E você é você
É lindo, é vasto
Vai durar
Eu sei mais ou menos
O que vou fazer em seguida
Mas por enquanto
Olha pra mim e me ama
Não
Tu olhas pra ti e te amas
É o que está certo.

eu tinha entendido esse título enquanto ela cantava. não que o original fosse pior, mas aquele me fazia muito sentido. as coisas passando, eu quero é passar com elas, eu quero. eu quero uma nova escolha, uma só minha, verdadeiramente minha. ou nossa, mas que seja nossa, e não algo que é simplesmente porque a vida é assim e a gente tem que ir levando assim mesmo. eu fico cansada de lutar contra a minha corrente do condicionamento, e todos os dias eu penso em desistir. e às vezes me pergunto se tenho que fazer tanta força assim. aí eu quase quase quase que desisto, mas a vida me mostra que eu tô desistindo de me encontrar. é que eu tenho medo é de ser feliz e morrer.