terça-feira, 30 de março de 2010

obrigada

eu senti uma sensação de euforia, alegria, libertação por poder falar tudo. ir falando, falando.aí pedia pra parar e fechar os olhos e eu queria continuar falando. eu teria assunto por mais uma, duas horas, acredito. depois quando chegou na hora de falar pra você, eu chorava, chorava, chorava. eu não sei exatamente porque. como se algo tivesse tampando a verdade, eu não consegui e não consigo enxergar o por quê. (talvez seja simplesmente de emoção, talvez seja de uma pontadinha de tristeza) mas eu continuava falando e falando. eu só falava coisa boa. eu falava o quanto tinha aprendido, não sabia se por mérito seu exatamente, mas como a vida era fácil ao seu lado. antes já tinha sido também, mas eu tinha passado por uma fase esquisita e talvez tivesse me esquecido de como tudo é mais fácil do que a gente pensa. sei lá, é ir, ir, ir, ir. eu falei que a gente brigava, mas como era irrelevante tudo isso diante de todo o resto da gente. a gente, assim, a energia entre a gente. isso existe mas eu não sei explicar direito.

olha, às vezes você ocupa espaço demais na cama e eu me sinto sufocada, aí vou dormir no sofá da sala. mas quando você não tá, é incrível como tudo fica mais vazio. eu amo você e é suficiente.

aí eu parei de falar pra você, de repente, quando lembrei que queria falar com outra pessoa. falei.

depois eu agradeci. e agradeço, agradeço. obrigada. obrigada.


logo menos vou postar uma música que tem tudo a ver com agora: Little Wonders.

let it in,
let your clarity define you
in the end
we will only just remember how it feels



sexta-feira, 26 de março de 2010

relações familiares, o amor e a vida (para variar)

Há menos de um mês (sou ruim de memória e não consigo perceber o tempo exatamente - algumas coisas passam rápido e outras devagar) mandei uma carta para o meu pai no Japão. Ele me ligou nesse último fim de semana. Foi uma conversa tímida, recheada de pausas. Mas foi gostosa. Eu queria ao mesmo tempo desligar, pois achava que estava parecendo chata e não sabia muito bem o que falar, e que já estava há muito tempo falando e gastando dinheiro...e ao mesmo tempo queria ficar lá pra sempre, tentando saber de tudo que aconteceu com ele desde o meu nascimento. Porque antes eu era pequena demais para pensar nos sentimentos dos outros, e desde o momento em que me tornei capaz de fazê-lo ele já estava longe. Mas depois que desligamos (a ligação caiu depois de dez minutos, na verdade), eu me senti feliz. Tranquilamente feliz. Eu achei aquele começo de laços refeitos muito bonito. Bonito suficiente até para pensar que isso poderia se tornar uma cena (de um livro, filme, texto teatral, peça, tanto faz).
Eu não posso dizer que eu sou muito amorosa dentro da minha família. Eu não sou. Eu não falo "eu te amo" pra minha mãe nem pra nenhum parente. (às vezes mando de forma impessoal, por e-mail). Mentira. Eu falo, pro meu primo. Mas só falo porque ele se manifestou primeiro. Esquisito. Eu não penso muito no amor. Se eu o sinto. Eu não fico pensando se estou amando. Acho que eu sou egoísta. Eu diria agora "como todos os seres humanos", mas vou me abster e falar apenas de mim. O que eu sou e o que sinto, porque é só o que eu sei, na real. Voltando...eu acho que eu sou egoísta por não ser mais carinhosa com as pessoas. Eu fico pensando se não vai soar falso caso eu fale, e banal. Não "eu te amo" unicamente, mas elogiar, falar bem. O reflexo de acordo com "eu amo mariazinha, eu amo tal banda, eu amo tal filme, eu amo tal ator, eu amo tudo e quero gritar isso para o mundo para todos saberem que eu amo" faz com que eu quase não me manifeste para com quem eu amo. A menos que a outra pessoa se manifeste primeiro. Eu não gosto de ver pessoas falando exageradamente que gostam de tudo para ter em troca esse "amor desesperado". Eu acho nojento.


Um dia você vai ver. Eu vou te liquidar. Mas te liquidar. Você vai rastejar diantede mim, putinha. Vai me lamber os pés. A vida podia ser tão bela, a dois. Tão bela. Você vai descobrir um dia. Mas aí será tarde. Demasiado tarde. Ouve bem - eu me vingo de você.

Lágrimas Amargas de Petra Von Kant - Fassbinder






eu não sei, não consegui transpor exatamente do jeito que queria o que estava pensando. em um outro momento e outro sentimento, eu tento de novo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

o trânsito no emaranhado dos fios da cyberspace

o trânsito nos fios da cyberspace
o trânsito no emaranhado dos fios da cyberspace

imagina se tivéssemos de ficar loucos e participar do envio de um e-mail.
eu queria saber desenhar para conseguir reproduzir essa imagem na minha cabeça. é como o trânsito de são paulo na hora do rush, mas ao invés de carros, seriam fios emaranhados. um cérebro. com fios coloridos. uma coisa ligando a outra, e cada um de nós é uma extremidade do fio querendo chegar na outra. cada e-mail, cada post de blog, cada tweet. nesses dois últimos casos, os fios seriam com pontas infinitas (assim como cabelos com pontas-duplas), já que é enviado para o mundo.

queremos desesperadamente gritar quem nós somos, o que queremos e o que sentimos. no fim, ninguém ouve nada, diante de tantos gritos. a necessidade e a vontade às vezes fazem a gente se afastar das pessoas, e não nos aproximar, como desejado. a vida é ao contrário. ao contrário do que as pessoas costumam nos contar que é. é muito, muito, muito menos. não a vida, a vida é mais, os fatos da vida é que são menos. a necessidade de falar (ou seria auto-afirmação?) atrapalha. fala bem baixinho. fala bem baixinho. depois de um tempo nem precisa mais falar. é só olhar. a cumplicidade vem, o entendimento vem. tudo que a gente tem vontade de falar bem alto é pra mascarar a verdade. por que a gente tem vergonha do que é? as coisas chamadas ruins, todo mundo tem. e todo mundo sabe que todo mundo tem. então pra que escondê-las? por que a busca pela perfeição? a perfeição é ser. é ser imperfeito, é permitir-se ser tudo e nada. qual a graça em não ser assim?
não me lembro se ele (o brecht) empregou com esse sentido, mas é meio que primeiro compreensão da parte (de si mesmo) e depois compreensão do todo (o mundo!). aqui pr'ali, cá pra lá.




(eu tomei muito café hoje de manhã)




tudo que se vê, pra que crer?
tudo que se crê, pra que ter?
tudo que se tem, pra quem?

quinta-feira, 18 de março de 2010

coisas pequeninas, grandes ou médias.

as coisas pequeninas não são ou não precisam necessariamente serem pequeninas. nem as grandes são grandes, nem as médias. as coisas mesmo não precisam ser coisas. elas podem ser, mas elas não precisam ou são nada.
mas elas existem. a gente sempre determina qual o tamanho das coisas: pequeninas, grandes ou indiferentes - acho que as indiferentes são as médias.
tem um problema: quando duas (ou mais) pessoas estão envolvidas numa mesma coisa e elas pensam nela de tamanhos diferentes.

boa parte das pessoas, realmente, pensa nas coisas da mesma forma, do mesmo tamanho. mas é preciso saber que nem todo mundo pensa como a maioria. aliás, eu acredito que em algum ponto uma pessoa sempre vai pensar num tamanho diferente da outra. nem que for, por exemplo, banana assada com leite condensado e canela pra mim é uma coisa pequenina. eu acredito que pra minha mãe seja grande, tamanho prazer ao vê-la comendo banana assada. esses pontos, de banana assada, inclusive, contam. tudo conta, tudo vive, tudo é vida pra quem tá vivo.



(esse papo meu tá qualquer coisa. mas eu não tô pra lá de marrakesh.)


estudo de linhas do rosto:

terça-feira, 16 de março de 2010

mais um lamento

vai ser difícil, vai
encontrar um amor como o seu
ai, como doi no meu peito
seu gosto é bem do jeito que eu gosto,
bem do jeito.



ai, como doi no meu peito.

domingo, 14 de março de 2010

Horóscopo, Ney e dúvidas.

O meu horóscopo diz que esse mês eu estou mais sensível e mais suscetível a exagerar mais do que de costume. Haja paciência para os que estão ao meu lado! Eu acredito em misticismo, astrologia, tarot, runas, essas coisas tudo. Mas não em todas as pessoas. Eu estou aprendendo a tirar tarot. Acho que demora mais uns bons anos até que eu me torne boa nisso.
O site que recomendo para horóscopo é o Personare. É bom mesmo. Às vezes eu fico em dúvida se funciona mesmo, ou se eu leio e ajo de acordo com o que ele diz (horóscopos em geral, não exclusivamente esse). Eu prefiro quando acredito, pois dá uma magia à vida. Eu não lembro quem, mas disseram que tem uma hora que a pessoa descobre que a vida não tem magia nenhuma. Aí perde a graça. Eu devo aproveitar enquanto ainda há essa dúvida.




Ontem teve show do Ney Matogrosso. Eu não sei se os shows que escolhi pra ir depois de crescida são tão bons quanto eu acho, ou se eu fico em êxtase diante de alguém cantando. Acho que a primeira opção. Está muito recente, eu não consigo escrever nada que esteja à altura do show, do Ney, dos músicos dele ou de qualquer envolvido. Eu queria mais e mais e mais, até que a voz dele acabasse.


"Se o problema é pedir, implorar
vem aqui, fica aqui
pisa aqui neste meu coração
que é só teu, todinho teu."

quarta-feira, 10 de março de 2010

a existência

eu fico querendo ficar parada. imóvel na minha existência, estagnada. não exatamente. fisicamente parada. sem sair de casa, essas coisas. eu tenho certeza que é uma falta do que fazer. pensando, pensando, só pensando. aí vem esses pensamentos na minha cabeça. eu deveria agradecer por não ter que acordar às 6 am todo santo dia, e não reclamar por não ter um sentido de existência. mas eu reclamo porque eu não tenho mais nada pra fazer. eu precisaria de um trabalho que ocupasse metade do meu dia e aí eu não teria tempo para mim, pra pensar besteira. aí eu reclamaria, diria que estou cansada e que queria descanso. uma pausa. eu sei como seria, mas assim também não está inteiramente ok. a vida sempre poderia ser melhor. o que tem de ruim aqui-agora? nada. mas nada bom também. eu quero é emoção. beijo de cinema, poderes especiais, sexo na praia.

terça-feira, 9 de março de 2010

you know i'm no good




Upstairs in bed with my ex-boy
He's in a place, but I can't get joy
Thinking on you in the final throes
This is when my buzzer goes


um dia eu quero rever todos esses vídeos e perceber como eu melhorei. hahahaha :O

quinta-feira, 4 de março de 2010

o menino estômago e outras historias

eu estou depressiva. a existência e o corpo doem, a vida teima em continuar e parece que não passa. demora, enrola e machuca.
eu digo xis para foto e dou um sorriso falso. eu pinto meu cabelo de loiro pra parecer mais bonita. faço um regime pra caber num vestido. passo rímel, batom, blush. eu não quero ser só bonita por fora. eu não quero ser bonita. eu quero ser. ser, ser. existir, ver, observar e ser. aqui-agora, com os pequenos prazeres da vida. com abraço, beijo de língua e carinho, muito carinho. dormir e acordar sem o olho inchado. e acordar e comer uma maçã porque fruta de dia é ouro, de tarde é prata e à noite mata. e viver, viver, sem pensar, sem questionar, sem julgar. e essas coisas todas.

O menino estômago um dia estava no self-service
e só se serviu de salada: tomate, alface, rúcula, agrião.
Ele viu e quis um hamburgão
mas ficou só na vontade,
porque ele sabia que quando comia besteira
ele tinha azia, gastrite e pirigava numa úlcera.
Na saída o menino estômago viu um monte de gente
e tava todo mundo tomando sorvete.
"Ai, que vontade", o menino estômago pensou
e morreu de tristeza.

terça-feira, 2 de março de 2010

provocador e teatral





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia




Segredo: eu nunca vi um filme do Artaud. Acho que é por isso que eu não sei quem sou. Tenho que ver e as respostas do mundo aparecerão para mim. Que lindo. Emoção total.
#momentoironia

Roubei esse teste do blog da Kelly. Sei lá porque escrevi isso. Me sinto na obrigação de dar os devidos créditos.



Ok, próxima parte do post. Qual será? Eu gostaria de contar-vos (vos quem, exatamente? podem ser pessoas, bichos-papões ou amigos imaginários - ou simplesmente imaginários, já que podem ser inimigos imaginários também. Será que alguém já teve um inimigo imaginário? pensando melhor, acho que um bicho-papão é um inimigo imaginário. Por que diabos eu estou falando sobre isso? esse foi um dos maiores parênteses da minha vida) que no último sábado eu visitei os meus avós paternos. Fazia por volta de 8 anos que eu não os via. Foi bem bonito. Eles são bem fofinhos. Não só eles, mas toda a minha família nipônica. Eles foram muito atenciosos. Conversavam comigo, riam de tudo. Estava um clima um pouco tímido, pelo menos da minha parte. Mas foi bom mesmo assim. Eu falei algumas coisas e ouvi também. Eles mesmo (meus avós - Natália e Tetsuo) quase não falava, principalmente ele. Ele só olhava pra mim de vez em quando e dava uma risada. Na hora que eu cheguei ele estava na cozinha enxugando uma travessa e arregalou o olho (se é que isso é possível para um japonês). E em seguida fez cara de bonitinho. Ela estava dentro do carro que foi me buscar no metrô e disse que não teria me reconhecido (quem me reconheceu foi meu primo (sei lá como, eu não me lembrava dele). Aliás, eu não me lembrava da cara de ninguém. Se eu já encontrei algum deles na rua, não reconheci e nem reconheceria. Eu era muito pequena.
Eles me passaram o endereço do meu pai, que mora no Japão. Escrevi uma carta para ele, mas ainda não coloquei no correio. Eu quero imprimir umas fotos antes. Para enviar também. Ele sempre manda para a minha avó, e ela me mostrou algumas. Eu fiquei com uma que parece ser a casa onde ele mora. É bonita.
Bom, acho que foi uma atitude legal de minha parte. Foi bom para eles (espero) e muito para mim também. É um laço que pode ser reestabelecido. E pra lembrar que o meu jeito e aparência nipônicos não vieram do além.

segunda-feira, 1 de março de 2010

this never happened before



I'm very sure
this never happened to me before
I met you and now I'm sure
this never happened before

now I see
this is the way it's supposed to be
I met you and now I see
this is the way it should be

this is the way it should be for lovers
they shouldn't go it alone
it's not so good when you're on your own

so come to me
now we can be what we wanna be
I love you and now I see
this is the way it should be

this is the way it should be

this is the way it should be for lovers
they shouldn't go it alone
it's not so good when you're on your own

I'm very sure
this never happened to me before
I met you and now I'm sure
this never happened before (this never happened before)
this never happened before (this never happened)
this never happened before (this never happened before)




O Paul não é lindinho?

ontem foi o menino vela. em breve, eu quero contar a história do menino estômago. é história triste, tanto quanto a do menino vela.
faz tempo que eu não conto nada. antes de ontem, digo. por quê? eu me sinto pressionada em pensar em algo. e aí não penso e nem faço login. acho que parece frescura da minha parte, já que reclamo disso o tempo todo. está se tornando banalizado. e talvez seja mesmo (frescura). mas eu tô aprendendo, eu tô aprendendo. e nem tá sendo dolorido, como me disseram que seria. eu tô passando a acreditar mais nas coisas depois que eu confirmo. só de ouvir não tá sendo suficiente pra mim. eu tenho que ver se é de verdade.

chega por hoje.

O menino vela

Era uma vez um menino vela.
Um dia desses, por causa dos gases das vacas
e da poluição dos carros
e daquele monte de coisa que a gente sabe,
a camada de ozônio furou.
E o sol pôde entrar livre e contente.
Só o menino vela que não gostou
pois foi derretendo todo
e ao asfalto quente ele se juntou.