quinta-feira, 24 de março de 2011

dia 3

permeando aquilo que aconteceu ontem



numero 1 e único - você me trata mal e agora vem de mansinho, esperando que eu lhe afague? nas minhas condições normais (agora não mais podem ser chamadas de normais) de temperatura e pressão, eu faria isso. hoje em dia, não. quando eu quiser que você venha, eu aviso. não venha antes de eu avisar. para que você fique sabendo, pode ser que eu não avise nunca, ou pode ser tarde demais quando eu avisar. não fique na dúvida: eu não vou me arrepender.

dia 2

o que fazer com a onda? nadar junto com ela ou esperar ela bater, balançar e diluir-se?

será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias - e, combatendo-o, dar-lhe fim?

prezo pela fluidez, agora. ser livre é coisa séria. i want to break free. hoje eu deixei minha cabeça pra lá. liguei indiferença pros meus supostos problemas e dediquei-me verdadeiramente à minha proposta. alma e corpo juntos. a alma ia, o corpo acompanhava. na aula de segunda, corri da minha alma. ela vinha me perseguindo, e eu não deixava ela me alcançar...eu só não sabia que ela era tão rápida. eu corria, desviava, e quando olhava ela estava há poucos centímetros de me alcançar. e, como proposta, eu continuei conversando com ela e evitando que ela fosse de encontro ao meu corpo novamente. mas ela, teimosa, êta, vinha querendo brincar comigo de forma perigosa. chegava bem pertinho, até o meu limite. e mais uma vez eu pedia não, agora não é hora, e corria, me escondia. ela não está bem domada, a danada. assim como a dona. e ela nem quer ser. ela quer viver nos limites, se arriscando e ultrapassando todo dia mais um pouco. calma, alma minha. hoje ela veio e eu a segui. você quer isso, eu te dou; você quer assado eu dou também.

desculpe, eu não posso me fazer entender. é segredo. talvez seja gromelô em português. junte-se, junte-se, mas não chegue muito perto nem pegue no meu braço. não gosto que me peguem no braço.

o dia 2, na realidade, não existiu. quer dizer, existiu sim. eu não me lembro e a outra parte é proibida...
a segunda parte do dia 2 veio agora à noite, logo antes do dia 3. foi um sonho, e eu não sabia dizer se era de verdade ou não... eu tenho vivido assim há algum tempo, mas hoje eu percebi uma potência a mais. número ... 5

terça-feira, 22 de março de 2011

dia 1

número 1

cocéguinhas na barriga da aretha. sentada, em pose de buda. risadinha de buda, conversa rápida e simples.

número 2

mingau bravo, estressado, com a pupila dilatada. levamos ele pra janela do banheiro, e de lá pudemos ver várias pessoas passando. a gente sabia que ele precisava respirar um outro ar, então íamos falando "vai com ele", ou "e com ela?" até que avistamos uma mulher, já meio velha, com um monte de roupas sobrepostas e coloridas, além de carregar aparentemente todos os seus pertences necessários pra viver. ele olhou bem, bem, e não sei se ele foi ou não.

número 3

realidade paralela. não sozinha. mas não sei com quem. como num jogo de videogame. já tinha feito tudo o que era preciso lá, e agora eu tinha que pegar a passagem de volta. tinha alguém tentando me enganar e me prender lá pra sempre, mas como eu conseguia ver o que eu tinha que fazer, - eu me lembrava do futuro - eu já sabia onde eu tinha que ir, e a cada passo que eu dava eu conseguia ver o próximo. chegando no lugar de comprar a passagem (um lugar com internet e afins), mais um obstáculo: eu sei que já comprei a passagem mas tô sem o voucher. e agora? vcs têm no sistema a minha compra feita? LEMBREI: tenho o voucher no e-mail. dá pra pegar? digitar era difícil, faltavam algumas letras e as teclas grudavam um pouco. abriu o e-mail. os anexos eram esquisitos. eu conseguia ver o voucher, mas não sabia onde clicar pra imprimir. deixei o atendente fazer o resto pra mim.

sábado, 19 de março de 2011

se você fosse um peixinho eu muito provavelmente também seria um. mas você, sendo uma orca encalhada, me limito a ser um pinguim. e como pinguim, eu não posso te ajudar a desencalhar. eu posso emitir sons para que alguns seres humanos caridosos e especialistas em pinguins possam vir te empurrar de volta ao seu habitat, mas é o máximo que me cabe. e você, orca, quando voltar, por favor, cumpra seu papel de orca. não queira ser um pinguim ou um peixinho. nenhum deles é mais ou menos importante, mas cada um tem o seu devido papel na sociedade. e eu, como pinguim, não tentarei voar, porque eu sei que minhas asas não me permitem tal feito. mas eu tenho causas igualmente nobres, tais como aquecer os meus ovinhos com o calor do meu corpo. e assim, continuarei a caminhar com meus pezinhos curtos e desajeitados e a minha cabeça fará um balanço esquisito me mantendo em equilíbrio. parece que eu estou sempre dançando. eu talvez esteja dançando mesmo. dance comigo, mesmo que à distância. dançaremos juntos e nós saberemos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

não me pegue no braço

iaiá, se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade

não tenho escrito por medo de ser uma tentativa frustrada de ser um pouco mais lógica em relação a vida. eu entro aqui direto, olho pra esse espaço em branco e tenho muitas, muitas ideias, que jogo fora. por saber a forma que as pessoas vão ler a coisa. não queria que ninguém se sentisse especial por eu me preocupar, porque, na verdade, é com a minha reputação que eu me preocupo. mas como ela foi dar um passeio no brejo e a perdi de vista, tanto fez.

ai, acabou o meu filtro de café
então eu usei papel higiênico (???) mas não deu certo...
acabou passando tudo.

porque depois que você foi embora sobrou só espaço pra minha tentativa de te transformar em personagem e ser parte do meu eu. eis que isso se tornou uma ode ao pessimismo.

sei que isso não vai adiantar, mas se eu fosse você eu pararia por aqui. sei também que é ao mesmo tempo contraditório, porque se eu não quisesse que fosse lido eu não postaria. mas, para desafiar os astros, os dogmas, os tratados, profetas e os enfins, essa é a minha transgressão.
(o máximo da minha coragem - quanta, não?)
porque quando é pra ter coragem, no sentido heroico da palavra, ela sai correndo. eu nunca disse de que lado estava, do bem ou do mal, e muito menos levei a vida dessa maneira. mas eu também nunca me considerei especial, e muito menos os outros (junto com os respectivos problemas). mas eu esqueci de levar em consideração quando o problema vai pro corpo, quando a alma adoece e pede pro corpo socorro e os sintomas vão aparecendo e são curados temporariamente e o cerne da questão não, então eles voltam e aparece cada dia um novo.
quantas vezes já levei desaforo pra casa. se um cachorro late pra mim na rua, vou lá e mordo ele? eu não. mudo de calçada.
e assim, falando sai, cai fora, não, a respiração retesa cada vez mais e o corpo também. já não era pra eu ter aprendido isso, jesus? (eu repito pra mim - e pra alguns amigos - todo dia: a chave tá na respiração... e não tá adiantando)

eu posso pedir perdão por algo que na minha percepção eu não fiz. e eu entendo, entendo perfeitamente. é uma pena, porque de tempos em tempos eu venho perdendo uma daquelas partes que originalmente não eram minhas, mas tinham se tornado minhas. e agora elas são arrancadas de mim, e fica uma parte faltando. e embora eu tente segurar pra ela continuar andando comigo, ela simplesmente se esvai... dilui-se, e vai embora, encobertas por um monte de cinzas.

é de você que eu gosto, mas é pra ela que eu mando mensagem de amor. faz sentido?

depois de ter vivido o óbvio utópico, te beijar
e de ter brincado sobre a sinceridade e dizer
quase tudo quanto fosse natural
eu fui praí te ver, te dizer

ah, chuck pahlaniuk...vá pro diabo sem mim.