segunda-feira, 24 de julho de 2017

desencontrando

um combinado. uma semana longe pela primeira vez. "vamos nos falar todos os dias no skype". do primeiro dia ao último, decrescente de cuidado.

para o dia da volta:
"me fala um horário que seja bom pra vc, nem que 5 minutinhos. preciso."
"vamos nos falar amanhã às 11h sua, minha 7hs"

10h30 já fiquei preparada, pra não perder o encontro.
11h04 dei sinal de vida
deu fome, fui almoçar.
quase duas horas depois, "to aqui"

a dedicação de energia quando se tem um compromisso é colocada no momento do acordo feito.
qualquer relacionamento só se mantém vivo com manutenção e dedicação.
no momento em que qualquer outra coisa se torna mais importante do que o que importa, o que importa se esvanece.
eu não posso e não quero estar disponível e disposta para apenas quando o outro estiver disponível, quando convier.
eu quero estar disponível e disposta para quem estiver disponível e disposto.
não ter escolha é uma escolha. responsabilidade pela não escolha, responsabilidade por se deixar levar, responsabilidade pelas prioridades do "momento". quem tem prioridades de acordo com o momento, não tem prioridades de vida. a vida é mais do que um momento.

pensamentos enraizados, os meus. pensamentos inflexíveis. mas meus.
minha expectativa tá lá no alto. minha culpa tá lá no alto. meu senso de responsabilidade tá lá no alto. minha vontade de ética tá lá no alto. meu estresse tá lá no alto.

não me mexo, não arrisco, não fluo.

tudo que mais de 1 vez fica grande quando identificada a repetição, o condicionamento.
falo "tudo bem, mas gostaria que fosse assim ..."
quantos mais "tudo bem" eu tô disposta a falar?
quanto mais de paciência eu tenho? (eu, que não tenho muita paciência?)
quanto mais eu suporto?
quanto mais eu posso ser resiliente?
quanto mais eu posso aceitar o outro da maneira que se é? (já que essa é a premissa da boa convivência. "apenas aceite o outro como é, sem julgamentos".)
como não ter julgamentos se o que somos a todo instante é sermos julgados?
como viver no contrafluxo de uma vida capitalista-robótica-sem ética-sem olho no olho-digital?
como não antagonizar o que o dinheiro e o digital nos trazem? já que de alguma forma vem o progresso.

quê?
eu preciso é de tempo.
tempo pra absorver, tempo pra deglutir, tempo pra (tentar) entender.
quanto tempo o tempo tem?
quanto tempo a vida tem?
quanto tempo a morte tem?


(depois dizem que eu não tô louca, falem sério!)

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