sexta-feira, 3 de setembro de 2010

inutil

às vezes, muito raramente eu escrevo poesia. quando a existência é mais leve e há algo bonito.

eu faço tai chi, meditação ativa, passiva, árvore genealógica, escrevo escrevo escrevo sobre todas as minhas lembranças, desde as mais remotas até aqui, acabo com cadernos, brinco com cachorro, converso, ouço música, faço teatro, vejo teatro, vejo cinema, canto, grito e como chocolate. e mesmo assim as costas travam e ficam cheias de nós, a panturrilha doi, o estômago incomoda, os olhos mareiam, a cabeça lateja.

queria me libertar de umas coisas que nem sei como. saber, saber, a gente sempre sabe, né?
não consigo ser inteira. não tô conseguindo. as pessoas olham, falam comigo e eu não quero aceitar o que é, mas o que eu quero que seja. dá pra ser o que é? dá nada. as coisas sempre são o que as pessoas pensam que elas são. e a gente vai vivendo assim mesmo, numa eterna suposta comunicação. olhar nos olhos não significa nada se eles são vazios e desviam para uma novidade. ver o brilho dos olhos já não é mais tão interessante, assim como encontrar-se no outro, ou tornar-se um só.

queria explodir, implodir, fazer bum, voar sangue, pele, corpo, pêlo, cabelo.

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